QUE IMAGEM VOCÊ TEM OU FAZ DE VOCÊ MESMO?

Já falei e escrevi várias vezes, que na verdade somos três ou mais pessoas: a que imaginamos ser, as que passamos para as outras pessoas (pode ser uma ou muitas) e a que somos verdadeiramente.

” Você vai me olhar, me julgar, tirar conclusões precipitadas, mas ainda assim, não vai me conhecer”  Dean Winchester (Supernatural)

Temos muitos imagens...

Entendendo o “Eu”: Desvendando Nossas Múltiplas Personalidades

A auto percepção, em essência, não é necessariamente nossa imagem autêntica. Ela é meramente a representação que temos de nós mesmos no momento atual, a qual, em todas as circunstâncias, não é um retrato fiel do que somos de verdade. No entanto, é esta representação que se torna decisiva ao moldar nossa autoestima.

Muitos pensadores influentes, tanto antigos quanto contemporâneos, ecoaram com veemência a célebre frase gravada milênios atrás no pátio do Templo de Apolo, em Delfos:

“Conhece-te a ti mesmo”.

Este autoconhecimento é a chave para uma autopercepção mais realista, mais condizente com nosso verdadeiro eu, ou self, como nomeiam os estudiosos da psicologia humana, ou alma, como preferem os espiritualistas.

A Busca da Identidade: O que Nos Define?

Retornando ao tema em questão, que imagem você tem de si mesmo? Como você acredita ser na realidade? Vamos fazer algumas perguntas abaixo que deverão ser respondidas com “sim” ou “não”, para auxiliar nesse processo:

Você se considera um bom colega de trabalho?

Você se vê como um empregado competente?

Você acredita estar comprometido com seu trabalho?

Independentemente das suas respostas, seja “sim” ou “não”, as questões que realmente importam são:

O que define um bom colega de trabalho, para você?

O que caracteriza um empregado competente?

O que significa ser uma pessoa comprometida com seu trabalho?

Será que as definições corretas das três respostas acima se encaixam realmente com o seu comportamento no seu local de trabalho?

Percebe como as últimas três perguntas se tornaram mais objetivas? Sua auto percepção não é exatamente a definição que você faz de si mesmo. Ela é a auto percepção que você faz de si mesmo, acrescido dos julgamentos e dos valores que você tem e da maneira como você os enxerga. Como você se percebe e como reage e interage diante dos acontecimentos cotidianos… e aos seus próprios pensamentos? Quase todos os julgamentos são subjetivos.

Autoestima: Espelho Emocional

A autoestima é o reflexo da sua auto percepção aliada aos valores que você atribui a essa sua autoimagem – se é boa, ruim, péssima, excelente e assim por diante. Suas emoções e sentimentos são fortemente influenciados pela sua autoestima, que, conforme mencionei anteriormente, nada mais é do que a sua auto percepção adornada com os valores que você mesmo atribui a ela.

Ao realizar as perguntas acima para mil pessoas, tenho certeza de que não encontraríamos duas respostas idênticas. As diferenças seriam muitas, mesmo que algumas se mostrem semelhantes, nenhuma resposta seria completamente igual à outra.

Entendendo a Importância da Auto percepção correta

O que pensamos sobre nós mesmos é o que nos leva a reagir de uma ou de outra maneira às mesmas questões, ou a agir de maneiras distintas diante dos acontecimentos da vida, das situações de trabalho, dos problemas pessoais e de nossas reações diante da hostilidade ou do afeto dos outros.

“Não são os fatos, mas a maneira como os percebemos ou os sentimos que nos afeta”

A Imagem que Temos de Nós Mesmos

O que nos define é a forma como acreditamos ser. O que nos controla é o que pensamos que deveríamos ser. E o que nos destrói ou nos constrói é quanta relevância damos para àquilo que nos controla e para o que os outros pensam de nós.

Nesse ponto, encontramos uma das grandes dificuldades para nos conhecermos. Chega um momento em que, ao tentarmos ser o que achamos que deveríamos ser e ao mostrarmos aos outros de que somos o que eles querem que sejamos, esquecemos quem realmente somos e adotamos quem deveríamos ser. Porém, pagamos um preço alto por nos trairmos de forma tão cruel.

Diante de Dúvidas Inevitáveis

Então, que imagem você faz de si mesmo?

“Sou corajosa, mas tenho medo de baratas… Sou corajosa, mas reajo mal a notícias inesperadas… Tenho medo de morrer, mas pratico esportes radicais…”. Somos, de fato, uma “metamorfose ambulante”!

Portanto, na próxima vez que disser: “Eu me conheço, jamais faria isso”, troque pelo menos o “jamais faria isso” por “agora, eu não faria isso”. E mesmo assim, saiba que você ainda pode errar. Você consegue me dizer como reagiria se a terra começasse a tremer agora? Pode garantir que sairia correndo e não ficaria parado, encolhido e totalmente apavorado?

É isso! Realmente, não nos conhecemos tanto quanto pensamos!

A Questão Crucial continua sendo: Quem Somos Nós, ou Quem Estamos Nós?

Sim. Quem somos nós, envolve nossas características “fixas”, de difícil mudança, sejam elas físicas ou mentais.  Quem estamos nós, envolve nossas emoções e sentimentos. Portanto, estar é mais relevante que ser, pois a cada experiência, boa ou ruim, nos tornamos diferentes do momento anterior. Compare-se ao que você era ou estava sendo a cinco anos atrás, e vai ver quanta diferença…

Para concluir, diria que, no final das contas, é fundamental se perguntar de vez em quando: Quem sou eu? O que realmente gosto e valorizo? Como reajo às diferentes situações da vida? E mais importante ainda, sou feliz com o que descubro? E se a resposta for não, o que posso fazer para mudar isso?

Uma Jornada Pessoal de Autoconhecimento

O Surgimento de uma Doença

José começou a sentir fortes dores nas costas que, inicialmente esporádicas, tornaram-se cada vez mais frequentes. Apesar de incômodas, ele optou por ignorá-las até que, um dia, decidiu consultar um médico. Foi solicitado um ultrassom do abdômen superior e, ao analisar o resultado, o médico levantou a suspeita de um tumor no pâncreas.

Este médico, de fala franca, informou a José que lidava com casos semelhantes diariamente e que, frequentemente, as suspeitas eram confirmadas. Sugeriu então a realização de uma ressonância magnética para uma melhor visualização do suposto tumor. Com o diagnóstico em mãos, José, ao invés de se desesperar, optou por uma atitude mais ponderada: “Não vou sofrer antecipadamente, vou esperar a ressonância para ver o que acontece”.

Ao receber a ressonância, optou por não abrir o resultado, decidindo ter mais uma noite de sono tranquilo e descobrir a real situação no dia seguinte, com o médico. Porém, a notícia não foi das melhores: havia de fato um tumor no pâncreas que precisava ser removido o quanto antes devido ao seu tamanho. No entanto, ainda havia a possibilidade de ser um tumor benigno, e José decidiu aguardar para ver.

A Reação Surpreendente

José permaneceu calmo, apesar de apreensivo, mas reagiu de forma muito mais controlada do que se esperaria, em comparação com a reação da maioria das pessoas diante de tal diagnóstico. Fez a cirurgia e aguardou os resultados da biópsia. Durante esse período, continuou tão tranquilo quanto antes, mantendo o pensamento de que “se for câncer, vou morrer de qualquer maneira, afinal, morrer faz parte da vida!”

Os resultados da biópsia revelaram um tumor benigno. Foi um alívio para José que pensou: “Agora tudo está bem”. Mas nem tudo estava bem.

O Susto Real

O verdadeiro choque veio após a superação do problema de saúde. José se viu atormentado por dúvidas que roubavam seu sono: “Por que não tive medo? Por que em nenhum momento pensei em lutar contra o câncer se fosse confirmado? Por que aceitei tão bem a ideia da morte?”

Após muita reflexão, José chegou a uma conclusão alarmante: sua vida não estava agradável, ao ponto de que a ideia de morrer não o assustava, afinal, não parecia haver muito a perder!

Por dias, ele analisou sua vida. Não estava onde queria estar, não vivia como gostaria, tinha poucos amigos, não possuía dinheiro suficiente para viver de forma digna e, pior de tudo, estava absolutamente resignado a essa realidade. Fez um balanço de sua vida e percebeu que havia sido levado pelos acontecimentos, sem aproveitar plenamente as oportunidades que a vida lhe oferecera. Essas reflexões deixaram José perdido e sua autoestima foi duramente afetada.

O Ponto de Virada

Agora, José se via em um ponto de bifurcação em sua vida: ou daria uma reviravolta em sua existência, ou continuaria a viver de maneira insatisfatória. Chegou a pensar que teria sido melhor se o tumor tivesse sido cancerígeno e que realmente fosse morrer!

Porém, após uma profunda introspecção, José concluiu que, agora que se conhecia melhor, não poderia continuar da mesma maneira.

 

Assim, de maneira extremamente traumática, José começou a se conhecer melhor. O que se revelou não foi algo que elevou sua autoestima ou melhorou sua autoimagem e autoconfiança. Pelo contrário, tudo parecia ter piorado. No entanto, com certeza, esse foi um importante estímulo em sua vida, ajudando-o a despertar e ver as coisas por uma nova perspectiva, que, aliás, podia ser mudada.

Conclusão: O Valor da Autoimagem e a Importância da Autoconsciência

Talvez possamos inferir que o conceito de “conhecer a si mesmo” nem sempre tem o poder imediato de aperfeiçoar as situações. Vamos tomar José como exemplo. Ele poderia impulsionar sua autoestima e recolher todos os frutos que isso poderia trazer. No entanto, para alcançar isso, seria necessário que ele fizesse uma reviravolta em sua vida. Ele precisaria incrementar substancialmente sua autoimagem, de modo que sua autoestima pudesse crescer. Mas desta vez, sem trapaças, sem uma venda nos olhos que o impediu de se enxergar como realmente poderia mudar.

E quanto a você? Sua autoimagem está alinhada, ou pelo menos, próxima do indivíduo real que você é? Ou será que você também é um mestre da auto decepção, lutando para não abandonar o castelo de suas convicções? Ou será que essas convicções nem sequer lhe pertencem? Talvez elas tenham sido simplesmente implantadas em você pelas expectativas dos outros. Eu realmente espero que não seja o caso.

No entanto, se você não estiver tão certo disso…

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Você Não Precisa Ser Perfeito 

 

Denival H Couto – Psicólogo e Terapeuta – CRP: 06/17.798-SP

Atendo  ONLINE para todo o Brasil e exterior em língua portuguesa. Com 39 anos de experiência nas abordagens TCC – Terapia Cognitiva Comportamental e Terapia Fenomenológica Existencial.

“Meu objetivo é ajudar os meus pacientes a encontrar e quebrar as barreiras que atrapalham o desenvolvimento do completo potencial de cada um, assegurando uma vida mais produtiva, mais confiante e com muito mais qualidade.

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